Para quem já leu meu último livro, menciono nele o nome de um americano chamado Falcon. Desde então, recebo referências de bonecos da minha infância, tais como Suzy, Bob (que virou Ken) e… Barbie.
Barbie era brinquedo de luxo nos meus idos tempos de criança. Eu e minha irmã tínhamos pouquíssimas e eram tratadas como tesouros.
Uma lembrança puxa a outra e comecei a lembrar da minha brincadeira favorita com a Barbie (provavelmente a que a minha irmã mais odiava). Não dava para ter casa da Barbie, carro da Barbie, essas coisas. Era tudo muito caro. Minha avó que fazia as roupas das bonecas para trocarmos seus looks.
Quando íamos começar a brincar, retirávamos TODAS as gavetas da casa, esvaziávamos tudo e colocávamos tudo no chão. Encostávamos uma gaveta na outra para fazer os cômodos da casa da Barbie (tinha que ter piso e parede, óbvio!) e depois montávamos cada espaço de acordo com sua função. Na cozinha tinha uma geladeira e um fogão (talvez de outro brinquedo), lembro que tínhamos um sofá da Barbie, que estava sempre na brincadeira. Inventávamos uma forma de fazer a cama, enquanto minha avó fazia a roupa da cama… e assim íamos montando nossa casa dos sonhos da Barbie. E pensando tudo que queríamos também na nossa casa dos sonhos.
Quando a casa estava pronta, a brincadeira acabava para mim. Era de arrumar tudo isso que eu gostava. Aí eu e minha irmã brigávamos porque para ela a brincadeira só estava começando.
A criatividade que as crianças têm é fascinante e nos impacta na vida adulta. Não tenho certeza, mas talvez o crédito de eu ter me formado em engenharia e minha irmã em arquitetura seja mesmo da Barbie.
Discussão sobre este post
Nenhuma publicação
Antigamente, os brinquedos eram especiais e únicos. Hoje em dia, a pressão por consumo banalizou até isso. Os brinquedos são tantos que logo perdem o encanto. Cheguei a escrever sobre isso usando o Lego como exemplo, numa das edições da minha newsletter.
Adorei a arrumação com as gavetas vazias kkkk