Acordo às 6:40, coloco a roupa na máquina de lavar e às sete já estou na academia para correr. A essa altura já chequei o celular que tem nove mensagens, duas ligações perdidas e um match em aplicativo de paquera.
Volto para casa, tomo banho, coloco a roupa limpa (aquela que eu tinha deixado lavando) no varal, seco o cabelo, me visto para impressionar, monto os três lanches do dia que vão na mochila térmica que lembrei ontem de colocar no congelador.
Saio de casa carregando a bolsa, o notebook, a mochila térmica e o lixo, que vai para o incinerador, e desço até a garagem para pegar o carro torcendo para ter gasolina. Claro que não tem (aí eu lembro que ontem, quando a luz do combustível acendeu, eu estava cansada demais para parar no posto e pensei que hoje de manhã teria tempo e disposição para isso).
Paro para abastecer me xingando por não ter feito isso ontem e atendo a primeira ligação ainda no carro. É o dentista confirmando uma consulta na outra semana. Mais duas ligações de trabalho e finalmente chego no meu primeiro cliente em Botafogo.
Ao final da primeira reunião, volto pro carro. Já são para lá de 30 mensagens no celular e mais 20 minutos até o estacionamento do escritório. Aí saio do carro eu, a bolsa, a mochila térmica e o notebook, caminhando pelas ruelas do centro da cidade no meu salto agulha altura 15cm, tentando desviar dos buracos e chegar inteira, procurando o crachá naquilo que mais parece a mala da Mary Poppins: 11h.
Entrego uma proposta, almoço minha mesa enquanto trabalho (contra as regras da empresa, que têm macro kitchens, mas não tem mais ninguém ali para me ver), entrego outra proposta, me equilibro no salto de volta para o estacionamento, pego o carro e vou para outro cliente, dessa vez na Tijuca.
O cliente me faz esperar uma hora, mas finjo dizendo que está tudo bem quando enfim começa a próxima reunião.
Finalmente o dia de trabalho acabou. Pego o carro e vou para terapia no Jardim Botânico. Já são 20:00, engulo um omelete de claras na rua mesmo, faço mercado e volto pra casa. Saio do carro carregando a bolsa, a mochila térmica, o notebook e mais quatro sacolas de compras. Xingo meu salto agulha, que já apertou tanto meus pés dormentes. Tenho noção que estou descabelada, que a saia está torta, a blusa amarrotada, a maquiagem está borrada e não existe a menor chance de conseguir achar a chave na bolsa para entrar em casa.
Depois de guardar as compras e tomar banho, deito na cama achando que meu dia acabou. Apago a luz, fecho os olhos e lembro que não coloquei água nas plantas da varanda. Ok, elas podem esperar até amanhã. Não, esse foi justamente o pensamento de ontem. Coitadas.
Plantas regadas, luz apagada, cama. Será que eu olho o match do aplicativo? Fecho os olhos e lembro que a mochila não foi pro congelador.
Ok, tudo certo agora, telefone carregando, luz apagada, cama. E o despertador toca, são 6:40 da manhã…
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